DO LIXO AO LUXO: MÚSICA E FIGURINOS SUSTENTÁVEIS ENCANTAM NA VIRADA SUSTENTÁVEL
- ANTENA
- 12 de mai.
- 2 min de leitura

A Virada Sustentável BH do último domingo (10/05) foi puro ritmo e consciência! No Palco Sapucaí, o Projeto Somos Comunidade levou uma programação vibrante, com oficinas criativas e uma apresentação especial do Grupo Somos, formado por 20 crianças e adolescentes do Morro das Pedras. Tudo isso com uma proposta clara: mostrar que é possível unir arte, sustentabilidade e transformação social.
Regida pelo multi-instrumentista Dodó Silva, a oficina Construindo Sons conquistou o público com uma proposta divertida e cheia de significado. Utilizando materiais reutilizáveis como latas, garrafas PET e tampas, os participantes foram convidados a criar seus próprios instrumentos musicais — e o melhor: puderam levar as criações para casa. Foi uma verdadeira brincadeira sonora que despertou o músico interior de cada um, promovendo conexão, criatividade e consciência ambiental.
Figurinos com história e consciência
Durante a apresentação do Grupo Somos, o público também teve a oportunidade de conhecer outro destaque do projeto: os figurinos sustentáveis, desenvolvidos especialmente para a performance na Virada Sustentável. Criadas com materiais reaproveitados, doados ou reciclados, as peças traduzem, na forma e na função, os valores do projeto. “Nosso trabalho é dar vida ao que já existe, transformar e criar com propósito. O figurino representa cada artista no palco e também carrega uma mensagem de consciência e de união”, afirma Priscila Gouthier, figurinista do projeto há quase 12 anos.
Com direção artística e executiva de Lilian Nunes, da Coreto Cultural, os figurinos foram pensados desde o início com responsabilidade ambiental: tecidos de fim de rolo, peças com pequenos defeitos (LDs), roupas doadas por médicos cooperados do Instituto Unimed-BH — patrocinador do projeto — e sobras de confecção ganharam nova vida por meio de técnicas de upcycling.
Moda que transforma
Segundo dados da ONU Meio Ambiente, a indústria da moda é responsável por 8 a 10% das emissões globais de carbono, além de gerar cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. Diante desse cenário, o projeto aposta na criatividade como ferramenta de transformação. “Ao reaproveitar materiais e envolver a comunidade, conseguimos ampliar o ciclo de vida de peças que iriam para o lixo e ainda promover pertencimento e expressão cultural”, explica Lilian.
Os figurinos também contaram com a participação de artistas locais do Morro das Pedras, que intervieram diretamente nas peças — grafitando calças, customizando tecidos e trazendo identidade à indumentária do grupo.
Estética com alma
Mais do que compor visualmente as cenas e as coreografias, os figurinos são parte da narrativa construída pelo grupo. Expressam coletividade, raízes culturais e responsabilidade ambiental. Cada peça é fruto de escuta, diálogo e afeto — feita a muitas mãos e vozes.
A apresentação do Grupo Somos na Virada foi, assim, mais do que um espetáculo: foi um convite à reflexão sobre nossos modos de produzir, consumir e viver em sociedade. Uma prova de que a arte pode — e deve — ser ferramenta de transformação, gerando beleza, consciência e pertencimento.
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